quarta-feira, 10 de junho de 2009

Memorial de Leitura apresentado à professora Tamar Rabelo-Programa Getar II

A vida não é a que a gente viveu,
e sim a que a gente recorda,
e como recorda para contá-la.

Gabriel García Márquez. Viver para contar.



Falar sobre leitura é relembrar momentos cruciais apara a minha formação profissional.
Ler é mergulhar no infinito,é debrusar-se sobre o parapeito de uma ponte, vendo o rio passar.Experiência sublime.Rever momentos do passado mexe com situações conflitantes e ao mesmo tempo pontua situações prazerosas.
Quando pequena ingressei em um colégio católico tradicional,onde o alunoi saia “sabido” . Na época, o primário daria a base para um desenvolvimento garantido nas séries posteriores.
Não me recordo de ter tido nesta época da mnha infância recordações marcantes com relação a leitua.Na realidade ler era um tormento.A cobrança era feita sem nenhuma preparação,mesclando-se muitas vezes com pontuações ligadas a postura, colocação adequada das mãos...Não lembro de ter fechado os olhos para deleitar-me sobre o que lia. A lição era de reprodizir fielmente as idéias e sençsações apresntadas pelo autor.Parecia-mos robôs destinados a apresentar as mesms respostas. O diferente era errado e assim os comndos eram dados e o óleo lubrificante ( ações autoritaristas) sobre as peças, nós alunos,só servia para enferrujar botões fundamentais para engrenagens futuras.
Lembro sim, da minha mãe lendo receitas culináriase com a a letra bem desenhada, num caderno pequeno, engordurado, reescrevendo as mesmas.E o meu pai? Sentava-se no terraço do apartamento e lia por horas, histórias do velho oeste. Imagino o que os meus irmãos achavam daquele momento de isolamento .Os dois não realizavam nenhum tipo de leitura envolvendo o gênero literário, mas dedicavam-se a ler.
Fui crescendo e pouco era estimulada a ler, até que um dia, após ler vários livros de uma mesma coleção adotada pelo colégio, entre eles: A ilha do tesouro perdido, Xisto, O ecaravelho do diabo... Até que um dia deparei-me com “ Senhora”, de José de Alencar.Que deslumbre. A cada página uma emoção, um envolviento, um desafio. A anciedade aumentava, quando tinha que dar pausa na leitura, para alimentar-me ao chamado da minha mãe.Como evolui naquela leitura! Imaginava-me vestida, cruzando o salão do baile e sonhando com o beijo roubado, do amor proibido e escondido. Amei com profundidade cada momento que dediquei àquela leitura. Sabia que iria ser cobrada através de uma prova, mas não me importava, pois foi neste momento que senti o verdadeiro prazer pela leitura.
Naquela época, os casais tinham mutos filhos (só eu tinha 8 irmãos) e existia muita dificuldade em atender as exigências escolares. Encaixar no orçamento os paraidáticos era um tormento.Ovia as reclamações do meu pai e o argumento da minha mãe que declarava em bom tom que a menina(eu), pecisava ler. Caso contrário tiraria um 0 . Isso acontecia porque a leitura era dissociada do contexto social.E não entendia porque meu pai relamava tanto dos paradidáticos, mas comprava enciclopédias dos vendedores que batiam em nossa porta.Livros pesados e com detalhe na capa, cuja a lateral apresentava “fios de ouro”.Fios de desejo, fios de promessa, fios de pretenção de colocar os filhos diante do saber impresso.
Muitos foram os amigos que conquistei.Na verdade: Machado, Alencar, Alves,Drummond,Pessoa,Cunha, entre tantos outros,conquistaram-me.Foi um amor recíproco, cheio de sonhos que grudavam-me na cama, impedindo que me deparasse com a realidade distorcida em relação ao que ali estava contido.
Ler é ver o mundo com sentido. É estar nele e com ele trocar experiências, revelar segredos, alicersar a moradia do saber.
Tenho recordações da aula de História no segundo grau. Inigualáveis!Adorava saber que teria que ler capítulos das civilizações antigas e conhecer a história do meu país, mesmo não podendo criticar alguns personagens, pois encontrava-mos no período da Ditadura Militar.Como er conflitante ler e não poder falar.Rejeitar e ter que aceitar.A imagem meramente tarefeira da leitura, parecia infinitamente longe de acabar.
Chegou o momento do ingresso na Universidade.Fiz pedagogia por opção e lá debrucei-me sobre teorias que nem imaginava existir.Comecei a ver um fio de mudança no ato de ler.Como já trabalhava numa escola Montessoriana, passei a sentir a necessidade de revelar àqueles pequenos leitores, o prazer, a satisfação, a emoção da leitura.Mas ao mesmo tempo deparava-me com outros professores que continuavam a tratar a leitura como tarefa.Esse ato mecânico legado à leitura por muitos profissionais, impede crianças, jovens e adultos de se tornar leitores competentes e reflexivos.Não é nada fácil refletir e constatar que a minha trajetória e a de tantos outros tenha sido recheada de conratempos de ações,de professores autoritários.
Esta lembrança só me faz refletir sobre a necessidade de mudança, com relação as estratégias de leitura utilizadas com alunos nos dias atuais.Formar cidadãos com capacidade de reflexão/ ação, é o mesmo que escalar uma montanha.É um trabalho difícil, mas possível de ser realizado,por estar impregnados de situações distorcidas sobre a leitura.
Desenvolver habilidades de reflexão, domínio da linguagem e apropriação da escrita, se faz necessário ao homem que interage com o mundo em movimento. Movimento de ir e vir, fazer e desfazer, criticar e aprimorar idéias pra transfomar.

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